quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

OH MEU DEUS! OH MEU DEUS, OH MEU DEUS!
Ele tinha mesmo...? ELE REPETIU! ELE REPETIU EXATAMENTE!
Ele repetiu as mesmas palavras que tinha dito quando fez o pedido de namoro, no alto da roda gigante. Eu me lembrei como se realmente estivéssemos lá, os arrepios vieram todos de novo. Como era possível que...?
Não consegui conter meu espanto. Não respondi nada. Apenas abri a boca e arregalei os olhos pra ele como se tivesse acabado de achar a cura pra desnutrição na África. Obviamente ele se assustou.
- Que foi Marcele?
- O que é que você disse?
- Que sinto que você era importante...
- Não! Depois disso!
- Eu não disse nada depois disso!
- VOCÊ DISSE! Disse exatamente isso: ”Eu não entendo o que acontece, mas quando estou com você sinto uma coisa crescendo dentro de mim, me dá vontade de gritar.”
- Você está louca? Eu nunca diria uma coisa tão... ah, não sei. Mas não me lembro de ter dito nada parecido.
ELE TINHA DITO! Eu tinha certeza. Resolvi não insistir no assunto e confirmar que realmente ele não tinha dito nada. Mas eu sabia: O inconsciente dele se lembrou. De algum jeito alguma coisa no cérebro dele o fez dizer aquilo. Mesmo que ele não se lembrasse nem ao menos de ter dito.
- Esquece essa história Marcele. Tenho certeza que não disse nada.
- É... acho que esse hospital está me deixando louca – ri comigo mesma.
- Certo... Me responde uma coisa... o que nós... éramos?
- Bom... estávamos comemorando um ano de namoro quando... você sabe... o acidente.
Agora era a vez dele rir. E riu muito.
- Você era minha... Namorada? CARA, EU TINHA UMA NAMORADA? VOCÊ ERA MINHA NAMORADA? EU IA FAZER UM ANO DE NAMORO?
- Hm... sim...?
- Cara, porque é que eu me esqueci? Aaaaaaaaaaaaaaaah, acidente maldito, vida bandida!
Eu ri com ele. Ele costumava dizer “vida bandida” cada vez que algo dava errado. Eu sempre caía na risada. Fred era perfeito. Sempre foi educado, e engraçado. Ele era um gentleman quando era preciso, mas adorava sacanagem e humor negro. Se ele fosse certinho demais, ia ser um chato. Eu o amava tanto, porque sempre podia rir das piadas de mau gosto dele, e dos palavrões que ele raramente falava.
- Eu não acredito! Eu tinha uma vida linda, uma namorada linda, amigos lindos! Por quêêê? – Ele falava brincando. Brigava com Deus, e ma fazia ficar roxa de rir. Éramos como sempre fomos.
Ficamos papeando mais um tempo, e ele me perguntava sobre o que fazíamos e como ele era, como ele agia... Eu respondia e ele se animava cada vez mais. Frederico, Frederico... Até que ele não era tão ruim. Mas é claro que eu preferia meu Fred.

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