- Certo. A ruim é que os ossos da sua perna não tem “forças” pra se juntarem sozinhos sem causar dor.
Fiquei de boca aberta. Como é que é? Eu ia ficar com aquela dor pra sempre? Logo que Tereza sorriu, entendi que não.
- E a boa é que uma pessoa doou pra sua mãe o dinheiro pra fazer uma cirurgia na sua perna e colocar um pino aí, pra você voltar a andar e não sentir mais dor! Não é ótimo?
NÃÃÃÃO! COM MIL DEMÔNIOS, NÃO ERA ÓTIMO! A verdade é que eu tinha... medo de cirurgia. E não era medinho, era medo. Medão mesmo. Não conseguia pensar na ideia de ter um pino de ferro, metal, aço, alumínio, plástico ou qualquer outra coisa dentro de mim pra sempre. É claro que eu não disse nada. Era a cirurgia ou continuar com a dor. OU pior ainda: ter que passar mais tempo deitada numa cama. Não pensei duas vezes: PINO, PINO!
Queria perguntar quem tinha sido o infeliz doador do dinheiro. Mas pensei melhor e decidi tirar o “infeliz” da frase.
- Quem foi o doador do dinheiro?
- Hmmm, deixa eu procurar o nome aqui... Ahá! O seu anjo se chama Caio Almeida Passaglia.
NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! UM MILHÃO DE VEZES NÃO!
Eu queria tudo, menos aquilo. O diabo poderia ter doado, eu não me importaria. Mas o Caio não! Ele tinha entrado no colégio no ano passado, e desde então não largou do meu pé. E não estou dizendo isso da boca pra fora. O Caio não tinha nada de muito especial. Ele tinha cabelos ruivos encaracolados e curtos, algumas sardas e olhos verdes. Nada de atraente. Não pra mim, pelo menos. Não que nós não fôssemos amigos. Eu gostava dele e gostava muito. Mas essa mania de querer me namorar, e dizer coisas românticas irritava. Eu não queria nada com ele, e era bom que ele entendesse isso logo de uma vez.
Agora o Caio tinha simplesmente me doado uma fortuna pra uma cirurgia. Meu Deus! Ele ia me cobrar isso pro resto da vida! Tudo bem – tentei relaxar – pelo menos vou poder sair dessa cama o mais rápido possível. Já conformada perguntei:
- Ta legal... E que dia vamos colocar o... pino?
- Hoje mesmo. A cirurgia está marcada pras 22:00.
- Meu Deus! E que horas são?
- 18:32. Mas fique calma. Você vai se sentir muito melhor quando tivermos terminado.
- C-certo... Tereza... Quando eu vou poder ir ver o Fred?
- Não creio que seja uma boa ideia ir no estado em que você se encontra.
- Eu preciso falar com ele, preciso dar um abraço nele, preciso ter certeza de que ele tá bem, entende?
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