- E ele está. Eu não menti. Pra ele a vida continua a mesma. Mas pra você, minha querida muita coisa mudou.
Minha vista tinha escurecido e eu estava começando a ficar com falta de ar. Que diabos Tereza queria dizer com aquilo?
- Se acalme, Marcele. Eu vou te dizer o que você quer, mas só se me prometer que não vai ter um ataque do coração! – Eu achei que ela estivesse brincando. Não estava.
- Eu estou bem, estou bem – menti – o que houve com ele? Por favor, não esconde nada de mim.
- Está bem... Mas você vai ter que ser forte. Marcele, lembra que eu te disse que ele tinha caído de cabeça na guia da calçada? A pancada foi forte. Ele ficou inconsciente e chegou aqui com um quadro grave. Pela descrição do acidente, achamos que ele iria morrer. Foi quando fizemos todos os exames necessários e descobrimos que o quadro era sim grave, mas ele não corria risco. O Frederico teve... Sorte. Se é que se pode chamar o que aconteceu com ele de sorte.
- Seja mais objetiva por favor! – Ordenei.
- Ele esteve mais perto da morte do que você imagina. Um centímetro a mais teria o matado. A caixa craniana dele trincou, e se afundou, “amassando” uma área do cérebro dele.
- Que área, meu deus? – Eu estava aterrorizada.
- A responsável pela memória.
Ela não disse mais nada e deu-me alguns minutos para absorver a informação. A área da... memória? O que ela queria dizer com isso? Eu devo ter feito uma careta bem feia, porque ela olhou-me com cara de sofrimento, parecendo culpar-se por ter que contar aquilo pra mim.
- E o que isso significa? – Lutei para engolir o choro e fazer uma cara séria.
- Assim que ele chegou aqui o levamos para a sala de cirurgia pra “desamassar” sua caixa craniana e remover possíveis fragmentos no cérebro. Ele acordou hoje, por volta de meio dia. Está muito fraco.
- O que isso significa? – Repeti, cortando sua fala.
Tereza ignorou-me completamente e continuou falando
- Ele não quer comer. Tentamos conversar com ele, mas ele está assustado. Não sabe porque está aqui, não se lembra do acidente.
- O QUE ISSO SIGNIFICA? – Gritei desesperada.
Tereza suspirou vencida. Abaixou a cabeça antes de me responder.
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